A gente continua uma conversa iniciada no último episódio. Dessa vez, focando na trajetória de Itamar Vieira Junior, escritor que conquistou, com o romance Torto Arado (editora Todavia), milhares de leitores Brasil à fora. Nascido em Salvador (BA), ele cresceu ouvindo histórias do campo, principalmente, do pai e da avó paterna, e acabou despertando o gosto pela escrita. Mas, devido a alguns desencontros, se formou em Geografia. Como servidor público do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), visitou diversas comunidades no interior do Nordeste e tornou-se doutor em Estudos Étnicos e Africanos, com foco na formação de comunidades quilombolas da região. Embora nunca tenha deixado de escrever, foi a partir dessa experiência que o reencontro com um desejo de infância ganhou força e hoje ele é, com o livro sobre as irmãs Bibiana e Belonísia, o escritor mais vendido e premiado do país. Lembramos, ainda, o legado de Milton Santos, o principal estudioso da Geografia na história do Brasil e que dá nome ao programa de incentivo à pesquisa que possibilitou que Itamar desenvolvesse sua carreira acadêmica, tendo sido o primeiro estudante a receber a bolsa. Numa perspectiva que poderíamos chamar de aquilombamento do conhecimento, traçamos um paralelo entre três gerações que se dedicam pela causa do direito à terra - passando por Milton santos, Itamar Vieira Junior e o advogado popular Américo Barbosa, membro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.